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27 de março de 2009

Os protótipos Antropológicos



Protótipos são seres experimentais da natureza cuja adaptação resulta não somente no seu sucesso ambiental, mas num grande impacto psicológico entre a sua espécie.

Seu êxito bíológico e psicológico passa a ser modelo de imitação, referência de inteligência e comportamento. Por isso eles ficam conhecido como seres avançados, à frente do seu tempo. Isso ocorreu em todas as éocas em que o ser humano atingiu um limite existencial e mental e este precisou ser rompido por uma nova experiência mental e social. Cada desses modelos acentua a verticação vertebaral e consciencial.

O Homem Biológico: é o Homo Sapiens Sapiens ou Homem de Cro-Magnon, do período paleolítico, surgido cerca de 35 mil anos A.C. “Uma era de pequenos grupos esparsos e nômades de hominídeos, vagueando em áreas relativamente extensas, constantemente preocupados em satisfazer a fome”. É a raça adâmica ( de Adão), que habitas as cavernas, descobridora do fogo e dos primeiros instrumentos de transformação da natureza. Deu seus primeiros passos no Homo Erectus (500 mil AC), passou pelo Homo Neandertal ou Sapiens (150 mil AC) até chegar no estágio biológico atual. O Homem Tribal: esse tipo era gregário, sedentário, o descobridor da agricultura e da domesticação de animais e construtor das primeiras aldeias. Era princípio da sociedade organizada (entre 9 e 7 mil AC). O Homem Anímico: esse tipo já está pré-civilizado,ou seja, está entre o mundo das aldeias tribais e as primeiras civilizações do IV milênio AC. É a chamada proto –história, na qual o homem manifesta sua curiosidade pelo fenômenos naturais e passa a ter com eles um relacionamento místico. Tudo que não pode ser explicado pela razão é da esfera do sobrenatural. O mundo é mágico e o politeísmo religioso e suas magias marcam essa fase anímica.

O Homem Teológico: é o homem das civilizações históricas e teocráticas do Crescente Fértil : Egito, Palestina e Mesopotâmia ( a partir de 3.500 AC). A crença religiosa passa a ser objeto de dominação política (Estados teocráticos) e o misticismo é formalizado como prática ritual . A magia e o sobrenatural passam a ser conhecimento de domínio de especialistas ou sacerdotes.

O Homem Racional : é a expressão do individualismo greco-romano. Aqui o homem racionaliza todos os seus hábitos pessoais e sociais, inclusive a religião. A mitologia greco-romana é um exemplo dessa tentativa de explicar racionalmente o mundo e seus mistérios através de símbolos e analogias. O homem quer entender como funciona o seu ser e porque somente ele tem consciência de si mesmo. A Filosofia, com Sócrates, Platão e Aristóteles será o resultado mais aperfeiçoado desse esforço.

O Homem Metafísico
: nessa era pré-científica, logo após a Idade Média e do retrocesso ao tempo teológico imposto pela Igreja, o homem do Renascimento também sente a necessidade de retomar sua trajetória voltando na fase que havia estacionado com a queda de Roma. A razão tomas rumos científicos nos séculos XVI e XVII com Descartes, Newton e Bacon. Pensar é existir e o sentido dessa existência por ser encontrado na experiência empírica, na prática pré-científica.

O Homem Positivo: é o homem da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. A prática pré-científica chega à fase científica, onde as experiências podem ser comprovadas pela tecnologia. O Iluminismo filosófico e o positivismo científico dão novas direções para a mente humana. É nessa fase que surge os preparativos para a fase que estamos vivendo hoje.

O Homem Psicológico: trata-se de “um ser potencialmente tridimensional, cuja razão se fecha nas categorias decorrentes da experiência sensorial. O Homem-psi corresponde a um novo conceito de razão e da mente que surge uma nova dimensão com a descoberta da percepção extra-sensorial. Trata-se de uma verdadeira ampliação do conceito do homem, que retorna às dimensões espirituais antigas, enriquecido com as provas científicas, e por isso mesmo liberto da ganga das supertições, do misticismo dogmático e do pensamento mágico”. Está entre o fenômeno e o comportamento, a técnica e a atitude, será síntese do Homem do Futuro.

Mas ponto de vista da complexidade psicológica, essas etapas evolutivas seriam marcadas pelos protótipos mentalmente transformados, cuja influência cultural não se restringe à cultura material , mas também às experiências metafísicas:

O Primeiro Ser - BIOLÓGICO

· Domínio da inteligência cinestésico-corporal. Predomínio dos instintos e dos desejos. Vive o tempo imediato e presente. Preocupação com a sobrevivência do corpo e busca de entendimento do mundo fenomenal exterior.Religiosidade natural exterior e mágica.

· 1ª fase do tornar-se Pessoa: Bloqueio e recusa à comunicação. Tendência a alienação.
· Reminiscência atual: Por que estou assim?

O Segundo Ser – TEOLÓGICO - Domínio da inteligência espacial e lingüística. Despertar da intuição e das aspirações do tempo futuro. Religiosidade ritualística exterior. Preocupação com a sobrevivência da alma e o medo da morte.

· 2ª fase: Início da comunicação e do desejo de mudança. Não reconhece os sentimentos e emoções.

· Reminiscência: O que estou sentindo?

O Terceiro Ser – RACIONAL - Domínio das inteligências lógico-matemática. A crise existencial e a busca filosófica do sentido existencial exterior. A Razão supera e inibe a emoção. Religiosidade narcísica e antropomórfica.

· 3ª fase: Aceitação reduzida de sentimentos.

· Reminiscência: Qual a origem desse sentimento?

O Quarto Ser - METAFÍSICO - Domínio da inteligência musical. A percepção da realidade extra-física e do sexto sentido. Crise existencial e a busca da realidade existencial interior. Tendência de equilíbrio razão e emoção. Religiosidade mística e sobrenatural.

· 4ª fase: Contextualização dos sentimentos. Despertar da consciência integral.

· Reminiscência: Que razões me levaram a este estado?

O Quinto Ser – POSITIVO - O domínio da inteligência interpessoal e dos conhecimentos tecno-científico dos fenômenos físicos exteriores. Crise existencial (afirmação e negação da mente) e a busca sistemática de soluções lógicas e psicológicas. Maturação da consciência integral. Conflito interior entre a religiosidade e a racionalidade. Busca de harmonia entre a física e metafísica.

· 5ª fase: Diálogo mais livre e desbloqueio da comunicação.

· Reminiscência: Que conseqüências tais sentimentos estão gerando em mim?

O Sexto Ser - PSICOLÓGICO - O domínio da inteligência intrapessoal e dos conhecimentos tecno-científicos dos fenômenos metafísicos interiores. Funcionamento da consciência integral e tendência a plenitude existencial. Harmonia entre a física e metafísica. Religiosidade interior voltada para soluções exteriores, solidariedade social.

· 6ª fase: Aceitação e experimentação mais imediata dos sentimentos.
· Reminiscência: Por onde posso começar a mudar a situação?

O SÉTIMO SER – CÓSMICO E INTEGRAL - Domínio da inteligência e da consciência integral. A plenitude vivencial. Religiosidade natural interior e mística.

· 7ª fase: Confiança total na transformação pessoal, disposição espontânea de diálogo e de comunicação. Auto-aceitação.

· Reminiscência: Qual é o ponto essencial da mudança?

A verticalização do corpo humano coincide com o despertar das faculdades psíquicas; são elas que permitem ao homem a sintonia com os planos superiores da vida, que lhe dão os rumos de existência. A inteligência emocional como instrumento e extensão mental, torna-se uma bússola existencial para que o homem aos supere os instintos e domine a intuição. Ela também vai marcar a transição mental do mundo sensorial para o mundo extra-sensorial, do mundo exterior e físico para o mundo interior e espiritual. Foi assim que aprendemos a dominar a natureza e seus elementos e tem sido assim até nos mais avançados laboratórios do mundo contemporâneo, onde sempre se realiza o estreito contato entre os gênios do presente inspirando os gênios do futuro nas descobertas fundamentais das ciências e das artes. A intuição e a inteligência emocional, embora mal conhecida nos tempos remotos, não sofreu em si mudanças na sua fenomenologia, manifestou-se no homem da cavernas, nos clãs e tribos da proto história, nos círculos sacerdotais fechados das sociedades teológicas até ser “derramada na carne” das camadas populares, como garantia de uso aberto e de livre acesso ao Reino Superior. Sua história é vasta e ficaríamos páginas e páginas citando seus inúmeros exemplos nos registros de todos os povos, em todos os tempos. Mas não podemos deixar de concluir é que essa faculdade, tanto na sua manifestação natural como seu caráter de prova, é o instrumento principal de que dispomos para desenvolver as características do Homem do Futuro. Sendo cada vez mais um tipo de habilidade espiritual, ela é em sim uma forma de inteligência pessoal, as chaves que abrem gradualmente as portas do universo interior.

É fato inegável, estamos passando por uma crise existencial que marca em nós a mudança de percepção do mundo exterior para o mundo interior. O que caracteriza essa crise é essa descoberta, que nos causa um impacto em todo o nosso conjunto vivencial: na mente, na individualidade e também no corpo físico. Nossas percepções, sensações e sentidos físicos sofrem um abalo estrutural no qual estávamos acomodados e passam a exigir de nós uma reestruturação para uma nova acomodação. Já passamos por esse abalo quando, ainda no mundo animal, descobrimos a razão. Essa descoberta do mundo interno foi sendo feita de maneira gradual e sempre esteve relacionada ao nosso grau de consciência nas vivências do mundo físico e, em muitos casos, ao grau de intuição. Esse impacto é também semelhante ao que sofrem as crianças quando saem do universo concreto e descobrem o mundo abstrato durante o processo de alfabetização.

Quando sofremos este abalo vivencial na descoberta da razão tivemos que fazer uma troca de valores materiais por valores morais; fomos progredindo lentamente na descoberta desse mundo interno. Primeiro descobríamos um pedaço de pão e, pela operação instintiva saciamos imediatamente a nossa fome; depois, descobrimos um outro pedaço de pão e, racional e economicamente, o dividimos em um número de pedaços igual ao número de dias que demoraríamos para encontrar outro pedaço de pão; administraríamos a necessidade de saciar a fome; agora encontramos um pedaço de pão, olhamos para todos os lados, queremos comê-lo de uma só vez, pensamos em guardar para os próximos dias , mas estamos sendo incomodados por um novo fator: a consciência. Com novos e sempre incômodos valores, a consciência nos força a olhar novamente para todos os lados e enxergar que outros seres estão sem o pão. Aí está a crise: comer tudo num dia só, cortar e, ainda sozinho, comer um pedaço a cada dia, ou repartir aquele pedaço com os que não tem nenhum? Nas duas primeiras opções ainda estamos vendo pela ótica racional do mundo exterior, enquanto que na última já vislumbramos o mundo interior. Repartir o pão com o outro é uma operação que supera a vivência racional e atinge a vivência emocional e interior.

Quando operamos além do instinto e da razão geralmente lidamos com outros instrumentos cognitivos, diferentes do cálculo ou da agilidade física. Passamos usar instrumentos cognitivos espirituais, inter e intrapessoais. Esses instrumentos se caracterizam pelos valores morais, negativos e positivos que aprendemos culturalmente. Com eles estabelecemos julgamentos nos quais usamos como referência, para comparação, outros seres humanos. Geralmente, nessas operações, quando desprezamos os fatores instintivo e racional, nos colocamos sempre no lugar do outro e tentamos imaginar, em questão de segundos, como reagiríamos naquela situação. Essa forma de inteligência é chamada de empatia, um aprofundamento da simpatia, porque não é um sentimento unilateral, mas recíproco: um precisa e o outro dispõe. Quanto maior a nossa capacidade de empatia, maior será a nossa capacidade de penetrar em nosso mundo interior, sem sofrimentos ou traumas. A melhor forma de tentar penetrar e compreender em nosso mundo íntimo é tentar respeitar, aceitar e compreender o mundo íntimo do outro. O nosso mundo íntimo está fechado desde que fomos criados; é um mistério, uma porta cuja chave e segredo sempre está com o nosso semelhante e nunca conosco; isso é proposital na sabedoria da Criação, pois se estivesse conosco talvez já teríamos perdido pela indiferença ou pela ferrugem do egoísmo. Quando odiamos um semelhante o nosso mundo fica cada vez mais fechado em nós e aberto, exteriorizado para o grosseiro mundo material; nele se manifesta com mais dureza e rigor a lei de ação e reação, voltando para nós a mesma carga energética negativa. Já quando o amamos vai se tornando cada vez mais interiorizado e a mesma lei se manifesta de forma mais suave e branda; então os enigmas são decifrados, os mistérios são revelados e, dentro de nós, as portas se abrem. Quando entramos, sentimos uma sensação diferente e muitíssimo agradável, que é a felicidade. Isso é o Reino da Consciência.


Dalmo Duque dos Santos – texto-base do curso Em busca do Sétimo Homem, dirigido aos voluntários do CVV- Centro de Valorização da Vida – Encontro Regional Rio-Vitória – Rio de Janeiro, outubro de 2006.

Fonte:cliocultura.blogspot.cpm