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Local: São Paulo, SP, Brazil

artista plastica/escultora.poeta.facilitadora em vivências.arte& terapias integrativas.

5 de março de 2008

Contos - A aprendiz


autora Vera Martins Itajaí

Ela chegou...
Como quem não queria nada…
Era só pra ver como ficava aquele seu jeito de pensar.
A vida, a lhe cobrar uma festa, sair daquela fresta, queria desvendar os segrêdos das palavras… Ficava a vasculhar seus pensamentos, sentimentos, buscando na agenda da memória prazeres que já viveu, reencontrar a magia...
Também guardava desafetos que confessos, e agora... estava aprendendo a compartilhar, falar da vida, tudo tão subjetivo… A vida pela vida, exercitar a escolha por querer viver, e ver, fazer acontecer. Sonhos que pareciam terem nascidos - nati-mortos! A vida lhe testava e, cobrava-lhe…!
Dizia que dessa vida, somos todos aprendizes, e as vezes pensava que sabia o que queria, ficava imaginando que podia. Era, como uma onda no mar, pensamentos…revoltos, divagavam, como espumas ondulantes e brancas, acabando na praia, como a areia quente, a molhar-lhe… sómente os pés.
Ela Tentava organizar suas idéias, mas sentia-se sem forças…ainda estava em pedaços, ia aos poucos cauterizando, não escondia suas feridas, chagas abertas, lágrimas…
Não tinha recebido a bula, como aprender a lidar com di-sabores… desse mar de profunda tristeza. Sua sina, era administrar as perdas amargas, como fel, e tentava se colocar de pé. Não falava só de perdas físicas, não!... essas eram irreparaveis…! Mas principalmente, falava da perda da inocência, daquela éra… do amor romântico! E não era só do fisicamente romântico, não…
Falava do amor do humano em nós, e que o ser humano, de humano, estava por um fio…!
Falava do amor incondicional… Esta linguagem tinha ficado tão banal! Ah! … achava que de todas as perdas… essa era, das mais doloridas… a perda da identidade do ser, criança em nós…! E ainda hoje acontecendo tão perto daqui, as crianças cresceram…
Ensi-mesmada…em seu refugio, sempre viveu em seu casulo… levando a vida, com seus ares ainda de menina/mulher, na sua mais pura razão, e tecia fios a sua volta, abs-traindo-se em si, trato da vida, não abriria mão!
Como querer sair dali! Se é dali que se via…e se res-guardava…no retrato…e se gostava… No aprendizado da própria vida… superando interditos…
Achava que podia voar…longe, e sabia que era sómente atravéz dessa existencialidade prosaica, que poderia transformar sua rotina…
Converteria sua prosaica vida em poesia e, só assim então, sentiria-se liberta…
Permitindo-se doce e ácida… um pouco irreverente talvez…
Na tentativa de se conhecer, e explorar, sua sensibilidade… deixando aflorar….
Esses eram seus caminhos interiores, e as vezes sem pudores percorria-os, ávida, na ânsia de reencontrar-se como criança, e banhar-se no lago de calmas e profundas águas cristalina, deleitar-se e, desabrochar… e então, como uma adolecente, a olhar a vida como se fosse a primeira vez…
Contaria tudo aquilo que sentia e percebia, mas, com os seus reflexos ainda palidos, em suas nuances das sub-jetivIdades… e mesmo assim, como uma borboleta com suas asas quebrada e ainda sem brilho, pousaria calmamente, sentindo o perfume das flores que o vento traria…
Nos seus jardins interiores ela vivia uma longa estação de inverno, as árvores estavão secas e sem folhas… sem flôres… mas, via o sol de inverno a refletir nos lagos, também via cisnes a nadar…
Cololocara nos vasos flores da estação, e todos os dias trocava a água… para não murchar seu amor pela vida…
Na espontaneidade das relações verdadeiras em seus afetos, as dores dos desafetos… sua alma queria esquecer, eram experiências desagradaveis, que nem queria mais lembrar…
No meio do aparente cáos tinha encontrado um lugar naquela sala, no seu jardim de inverno - do seu sonho queria acordar…!
Na solidão das noites quentes… um dia após o outro… outra vez…
Precisava reconciliar-se com a vida, mesmo que esta durasse uma fração…
E agora, como aprendiz… com seus pré-textos, recomeçar…

Vera Martins Itajaí - artista plástica e poeta