ArtWork Brasil - Notícia & Cultura

Clipping de Notas & Notícias: Artes Plásticas & Poesia - Crônica & literatura - Recanto Holístico & Saúde da Alma - Filosofia & Reflexões - Arte-Cinema-Psicanálise & Espiritualidade.

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP, Brazil

artista plastica/escultora.poeta.facilitadora em vivências.arte& terapias integrativas.

5 de março de 2008

Arqueologia da Rota da Seda

A Rota da Seda, elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente na antiguidade, cultivou uma civilização antiga e deixou um acervo de tesouros multicolores e invenções cheios da sabedoria de nossos ancestrais. Deixou ainda muitos mistérios à espera de exploração e descoberta.
A Rota da Seda, elo de ligação entre as civilizações antigas da Ásia, Europa e África, contribuiu para o intercâmbio inter-continentais. Ao longo de seu caminho, está grande número de relíquias que transmitem até hoje uma sinfonia colorida ultrapassando as fronteiras e a diferença entre as etnias.
I. Exportação da seda ao Ocidente e origem toponímico da Rota da SedaA comunidade acadêmica mantem muitas divergências sobre o período da exportação da seda ao Ocidente. Meng Fanren, pesquisador do Instituto da Arqueologia da Acadêmia de Ciências Sociais da China, considera que a exportação da seda ao Ocidente pode ser dividida em dois períodos tendo a dinastia Han (de 206 a.C a 220 d.C) como a linha de demarcação. No período precedente da dinastia Han, a seda foi levada ao Ocidente através das vias populares, por exemplo através das mãos das minorias étnicas, principalmete as etnias nômades que habitavam as periférias da China antiga, porque estes povos “cavalheiros” atuavam nas vastas áreas e mantinham como intermédio, os contactos com outras nações além do oeste chinês. No entanto, a exportação da seda no próprio sentido iniciou-se só na dinastia Han, porque só a partir deste período, existiam claros origem da oferta, lugares destinatários e rotas do tráfico, e o negócio era vultoso, planejado, até organizado.
Segundo algumas documentações do Ocidente da época, a seda, além de ser bonita e agradável, protegia a saúde e tinha função contra bichinhos, chuva e trovoada, até à seda foram dadas várias funções mágicas, de maneira que os bruxos embrulhavam os amuletos com pano de seda. Nestas circunstâncias, as regiões desde a Ásia Central até ao Império Romano tinham grande demanda da seda e nesta “onda de procura”, o Império Romano foi o maior importador.
Mas, quando os romanos conheceram a seda? De acordo com documentações históricas ocidentais, no ano de 53 antes de Cristo, um do triunvirado do Império Romano Angito, Marcos Licínio Crasso, dirigiu suas tropas para travar uma batalha contra a Pártia e foi bloqueado pelo adversário. No momento crucial, soldados da Pártia estenderam sua bandeira bordada de seda. Esta, brilhando e agitando-se ao sol do meio dia, causou um pânico por entre os soldados romanos, que foram derrotados destrosamente. Historiadores ocidentais consideram que esse foi o primeiro contacto dos romanos com a seda. Até ao século IV, a procura de seda se penetrava para todas as camadas sociais do Império Romano, desde a classe da nobreza até o povo comum.
Quando surgiu a Rota da Seda como um topónimo? Segundo os estudos até à atualidade, o nome apareceu pela primeira vez no livro China, de autoria de Ferdinand von Richthofen, erudito alemã, publicado no final do século 19. É aceitado pela comunidade acadêmica. Em geral, a antiga Rota da Seda se refere ao caminho comercial entre Chang´an, capital do país na dinastia Tang e atual Xi´an, e a Síria. Mas, a aceitação e a adoção do nome na China foi só nas últimas dezenas de anos. Antes de Richthofen, eruditos costumavam chamar a rota de “via de comunicação Oriente-Ocidente” ou “via de comunicação entre a China e o Ocidente”, porque o nome Rota da Seda é limitado no sentido, indicava apenas uma das suas funções. Na realidade, seu papel na história não se limitava apenas a uma via de comunicações nem ao comércio de seda, mas se destacava ainda no intercâmbio cultural, artístico, científico e religioso, assim como em muitos outros aspectos.
II. Início, desenvolvimento e fim da Rota da SedaPara conhecer a questão, é necessário conhecer em primeiro lugar a situação das comunições na Ásia Central nos tempos remotos. Em geral, a Ásia Central abrange cinco país tais como o Cazaquistão, a Quirguízia, o Tadjiquistão, o Uzbequistão e a Turcomênia. A região liga o continente euro-asiático e serve como via de comunicação entre o Oriente e o Ocidente. Mas, antes da dinastia Han, as regiões Oeste da China estavam muito fechachas pelos vastos desertos de Gobi e altas cordilheiras, que dificultavam a comunicação entre a Ásia Central e as planícies centrais da China. Nos anos de 139 e 119 a.C, o imperador da dinastia Han do Oeste, Wudi, mandou duas vezes, seu emissário Zhang Qian às regiões Oeste em missão de abrir o caminho para o Oeste e unir as forças de vários reinos na região para combater os hunos no norte. Voltado das regiões Oeste, Zhang Qian comunicou detalhadamente a situação das localidades por onde ele tinha passado ao imperador e este tomou a decisão de unificar todas as regiões Oeste. Um caminho foi aberto assim atendendo às necessidades militares e políticas. Ele ligava-se à Ásia Central unindo-se em uma linha de comunicação euro-asiática a que veio a ser chamada de Rota da Seda.
A Rota da Seda percorreu um processo de desenvolvimento desde a sua abertura. A dinastia Han foi o período de abertura e desenvolvimento, mas, as agitações internas que se seguiram durante cerca de 400 anos, à que a separação do Império Romano e a decadência do Império da Pérsia que se associavam, estagnaram a Rota da Seda. Até à dinastia Tang, século 7, que administrava diretamente as regiões Oeste através de seus 16 comandos fronteiriços, a rede de comunicações e a administração da Rota da Seda foram aperfeiçoadas e a Rota atingiu seu apogeu. Mas, depois da rebelião de An Lushan e Shi Siming, dois generais da dinastia Tang, que aconteceu no ano de 755, durou 7 anos e marcou o início da decadência da mesma dinastia, a Rota da Seda começou a decair dia a dia. Desde o final da dinastia Tang e o início da dinastia de Cinco Períodos, uma outra rota da seda, isto é, a Rota da Seda Marítima, veio a substituir a antiga Rota da Seda e até o início da dinastia Song, por volta do século 10, a Rota da Seda terrestre quase chegou a seu fim. Na dinastia Yuan, fundada por Kublai Khan, a Rota da Seda terrestre ia reavivar-se, mas já encoberta de “brilhos do sol ao entardecer”, acabou com sua missão histórica juntamente com a extinção da dinastia Yuan. Neste sentido, a Rota da Seda não se refere apenas a uma via de comunicações, se refere ainda a um período histórico.
Como uma estrada, um elo de ligação, a Rota da Seda servia de uma plataforma para o intercâmbio entre as nações e as etnias por onde passava, ligando em si as principais civilizações e os principais países da época, por exemplo, na antiguidade, ela ligava quatro importantes impérios tais como o império da dinastia Han chinês, o Império da Pártia, o Império dos Kushana e o Império Romano; na Idade Média, ligava a dinastia Tang, a Pérsia, o Império Romano Oriental e a dinastia sasaniana, inclusive até o mundo árabe; e em outra categoria, ligava a civilização chinesa e as civilizações da região da Ásia Central, do Irã, das bacias de Eufrade e Tigris, da Ásia Menor (Anatolia), da Grécia e da civilização romana, e através destas últimas, ligava o norte da África, o Egito. Foi uma estrada concreta e real que contribuiu para o intercâmbio mercantil, que tinha a seda apenas como uma das principais mercadoriais, e a divulgação das espécies. No entanto, o seu papel que merece uma atenção todo especial reside ainda na sua contribuição, como uma via intangível, para o intercâmbio cultural, político, religioso e científico, por isso, a estrada foi chamada também de “rota de emissários”. Através desta via, realizavam-se as migrações dos povos nômades, exemplo disso, foi a migração ao Oeste dos hunos, dos Wusun, dos Rouzhi, dos mongois e dos Sai; realizavam-se as mesclas étnicas e culturais. Também através desta via, várias religiões se introduziram, exemplo disso foram o budismo, o zoroastrismo, o maniqueismo, o nestorianismo e o islamismo.
Um fenômeno que queira chamar a atenção é que a Rota da Seda se estendia do norte da China até as estepes europeias, uma vasta região habitada principalmente pelos grupos étnicos nômades na antiguidade, e os intercâmbios realizados ao longo da via entre as nações nômades e os povos agrícolas possibilitavam drásticas transformações a ambas as partes, exercendo importantes influências para todos os setores socio-econômicos incluindo a urbanização, os meios de defesa e o desenvolvimento das etnias nômades.
Neste sentido, a Rota da Seda não foi apenas uma via de comunicações nem uma questão relacionada apenas com o comércio de seda, mas sim mostrava um panorama da história e da sociedade daqueles tempos e uma miniatura das civilizações antigas dos mesmos tempos, ou melhor dizendo, as diversas civilizações da época deixaram aqui seus vestígios. Como um acervo de tesouros, estão ao longo da Rota da Seda as raridades artísticas de pintura, de escultura, até objetos que mostravam o processo da evolução das principais letras de hoje. Mas estão aí muitos mistérios a decifrar. Surgiu assim uma disciplina da ciência arqueológica.
III. Arqueologia sobre a Rota da SedaDos estudos sobre a Rota da Seda se derivam atualmente muitas disciplinas de ciência relacionadas por exemplo, sobre a história, a arte etc. A arqueologia sobre a Rota da Seda é uma destas disciplinas que se baseia nos estudos arqueológicos empreendidos pelos países por onde ela passava, e dedica-se principalmente à pesquisa sobre o intercâmbio cultural e suas influências interativas. Trata-se de um ramo de ciência polidicisplinar integrando-se a geografia, pintura, escultura, arquitetura, religião, música e relações entre as nações.

Fonte:portuguese