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2 de março de 2008

Associação Internacional de Críticos de Arte - 41º Congresso da AICA

Avaliação Artística - Contra a institucionalização da arte contemporâना

O processo de institucionalização que a arte contemporânea tem atravessado nos últimos tempos, segundo especialista, pode culminar para a falta de senso crítico e nivelamento do exame da crítica às artes. As estruturas e rotinas de suporte, do chamado mercado, podem levar ao estreitamento ou redução das análises individual, dificultando, assim, a adaptação e perspectivas para novos cenários e paradigmas culturais.Para debater esse tema, foi realizado, entre os dias 1º e 4 de outubro, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária (USP), São Paulo, o 41º Congresso da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte www.aica-int.org) . A edição de 2007 do congresso, objetivou o exame do papel da crítica de arte em relação à institucionalização da arte contemporânea no contexto cultural do nosso tempo.
A análise das mudanças na arte e na crítica de arte no cenário da cultura globalizada conduz à necessidade de debater os processos atuais da comunicação da arte e do papel desempenhado pelos principais agentes legitimadores do sistema artístico, entre eles os museus, as bienais, o mercado de arte.
A AICA tem entre seus objetivos o estudo e o debate sobre crítica de arte e o reconhecimento da diversidade cultural dos diferentes povos e países. Com sede em Paris, reúne cerca de 4200 membros em 64 seções em todo o mundo. No Brasil a interface da AICA é a ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte. (http://www.abca.art.br)
No histórico do evento, o Brasil foi sede do primeiro Congresso da AICA fora da Europa Realizado às vésperas da fundação de Brasília, em 1959, foi organizado por Mario Pedrosa e aberto pelo presidente Juscelino Kubitschek. Após 47 anos o Brasil voltou a ser e sede do Congresso, que é realizado todos os anos, cada vez em um país diferente.
AberturaCom o início dos trabalhos agendados para às 14 horas do dia 01 de outubro, e depois de um pequeno atraso, a cerimônia de abertura lançou para o que seria a temática do congresso – o papel do crítico de arte.
A abertura do congresso foi realizada pelo presidente da AICA, Henry Meyric-Hughes, que fez questão de agradecer aos patrocinadores e apoiadores do evento. Henry Meyric-Hughes fez questão de lembrar sobre o primeiro Congresso que ocorreu em 1957, e de agradecer os patrocinadores.
A presidente do ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte), Elvira, destacou o trabalho gestão anterior (Lisbeth Rebollo Gonçalves, atual vice-presidente da AICA) para a realização do evento. Elvira, que assumiu em novembro de 2006, permanecerá no cargo até 2009. Além disso, lamentou a perda recente de um dos fundares da ABCA, Mário Barata.
Em seguida, o Pró Reitor de Cultura e Extensão Universitária (USP), Sedi Hirano , falou que a arte é da produção humana e que todo artista é um sonhador. “Possível é a síntese das utopias do impossível”, analisou o Hirano, citando Marx Webber.
O secretário Afonso Luz do MinC, representando o ministro Gilberto Gil, fez o maior discurso de abertura. Questionando o papel do crítico de arte e as relações com o público, o secretário analisou o denominado “mercado” e formas de realizações de políticas públicas para cultura.
Fechando o discurso inaugural, a Vice-Presidente da AICA, Lisbeth Rebollo Gonçalves (antiga presidente da ABCA), realçou a necessidade de discutir os processos da crítica de arte e o papel neles realizados, acrescido e legitimado pelo processo artístico. Lisbeth falou da importância internacional do congresso, que na edição desse ano contou com mais de 49 membros internacionais no país.
Quebrando o protocoloComo já está virando costume, o secretário iniciou o evento quebrando o protocolo. “É da natureza do nosso ministro. Ele se sente muito bem representado nessas circunstancias”, afirmou. Afonso Luz comentou sobre políticas públicas para os críticos de arte, e que a institucionalização seria uma perda de sentido para as artes.
O secretário afirmou que a crítica de arte é o que deveria ser o elemento mais independente, sofisticado e autônomo da produção cultural e a sua institucionalização representa uma perda de análises críticas. Sugeriu uma amplitude maior no diálogo do crítico com o público.
Qual o poder dessa instituição? E o que é essa instituição hoje em nossa sociedade? Como o mercado estabeleceu o poder público em relação ao próprio Estado? Perguntou o secretário. Em sua resposta, atribuiu parcela de culpa ao crítico de arte, que segundo apontou, estabelece, em grande medida, os valores para a própria sociedade. Para ele, o estabelecimento do valor passa por uma esfera que não é propriamente a esfera da valorização da arte, mas uma esfera de valorização econômica.
Afonso Luz, remetendo ao pensamento do MinC, explanou sobre a tentativa de pensar sobre economia ao invés de mercado. A economia pode ser uma estratégia racional de estabelecimento do valor. Talvez a crítica de arte possa na sua institucionalização regular seu poder institucional da crítica, o que seria economia.
Função do críticoAs críticas mais acirradas ficaram para o final do discurso. O secretário repreendeu o afastamento do crítico de arte do campo cultural. Além da construção da linguagem, que ele definiu como cifrada, que nem mesmo o campo cultural tem condições de entendimento.
Nesse panorama, Afonso Luz avançou sobre o isolamento entre o crítico, arte e público por meio dos debates das linguagens estéticas. E, com isso, a função do Congresso seria buscar caminhos para modelos alternativos de instituições. “Estabelecer discurso que crie o espaço público para a vivência pública da obra”, completou.
Um consenso foi quase unânime, independente de qual seja a função do crítico, o processo de institucionalização, mediante aos principais atores de maior visibilidade (Crítica de Arte, Museus, Bienais, o Mercado de Arte), o processo de institucionalização, que tem ocorrido nos últimos tempo, será prejudicial à análises de arte. Os pesquisadores apontam para possíveis faltas de senso-crítico aos críticos de artes.
Economia e ArteCitando os exemplos adotados no MinC, o secretário tentou apresentar um exemplo de modelo na abordagem sobre Mercado. Para ele, deve-se pensar e economia ao invés de pensar no mercado. “A economia pode ser uma estratégia racional de estabelecimento do valor. Talvez a crítica de arte possa, na sua institucionalização, regular seu poder institucional de crítica o que será uma economia”.
Sobre as leis de incentivo, o secretário analisou as estruturas da captação de recursos. “A vivência pública da arte talvez não seja mais um lado, talvez seja simulada pelas próprias obras no interior das instituições”. Atrelando aos mecanismos de autovalorização em falso ao preceder ao público. “O público vira um fator que é computado no fator do sucesso das exposições. E é uma forma de alavancagem para futuros patrocínios”.
Fonte:bancocultural