Simbolismo - Livro “Roteiro da Poesia Brasileira”

Livro organizado pelo professor Lauro Junkes
Integra série sobre a poesia brasileira
por Marcio Miranda

Acaba de chegar às livrarias os três primeiros títulos da série ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA,um caprichado projeto da Global Editora voltado ao publico universitário.O volume dedicado ao Simbolismo,organizado pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),Lauro Junkes,traz o essencial de 24 poetas simbolistas.
Profundo conhecedor da literatura catarinense,a qual estuda à 30 anos – período em que leu aproximadamente 2,5 livrossomente de autores daqui – Lauro Junkes não poderia organizar uma antologia que não fosse do Simbolismo.Afinal,o principal representante dessa corrente poética é Cruz e Sousa,Catarinense nascido no Desterro em 1861.Foi com Missal (prosa) e Broqueis (poesia),ambos publicados em 1893,que Cruz e Sousa deflagrou o estilo que combateu os parnasianos e antecipou o Modernismo.Entretanto,o reconhecimento da poesia simbolista e da importância de Cruz e Sousa demorou a acontecer.Na época,os parnasianos – Olavo Bilac e companhia – tinham os principais jornais nas mãos e eram muito próximos do poder público.Sufocado em sua expressão artística,o poeta viveu atormentado e morreu em 1898,mesmo vítima da miséria e do preconceito por ser negro do que da tristeza pela falta de apreço.A imagem de Cruz e Sousa e do Simbolismo ganhou importância a partir de 1940,quando o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974) inclui o catarinense entre os três principais simbolistas do mundo,ao lado do francês Stéphane Marlamé (1842-1933).- Cruz e Sousa atingiu uma consagração fantástica.Hoje ele está sendo muito lido nas universidades dos Estados Unidos,Portugal,Espanha e França – afirma Junkes.A exeção dos mineiros que defendem Alphonsus de Guimaraens com o mais representativos dos simbolistas,Cruz e Sousa é unanimidade no Brasil e no exterior.Por isso,o poeta catarinense tem um número maior de poesias na coletânea (12 contra 10 de Guimaraens),entre elas Cárcere das Almas,Acrobata da Dor,Antífona e Assim seja.
Mais dois catarinenses na seleção poética
O traço comum que caracteriza os poetas simbolistas é o restabelecimento da consciência humana,da sensibilidade e da emoção em oposição ao cientificismo dos parnasianos,que tentavam explicar tudo pela luz da ciência.De linguagem complexa,nesta concepção poética “as palavras não representam realidades,mas devem constituir evocações de uma realidade que vai além dos sentidos”,aponta o professor no prefácio do livro.Além de Cruz e Sousa,outros dois catarinenses estão no livro.São eles Araújo Figueiredo e Ernani Rosas,este último um simbolista “fora de época” que escreveu entre 1920 e 1950 e deixou sua obra inédita.Poetas de outros 15 estados completam a seleção.- A importância maior do Simbolismo foi em reproduzir uma renovação da poesia e da concpção da arte em geral – comente Junkes.A série da Global começa nas raízes da poesia brasileira(antes do Arcadismo) e vai até o ano 2000.No total serão 15 títulos,com seleção e prefácil de pesquisadores e críticos como Alexei Bueno(Pré-Modernismo),Walnice Nogueira Galvão(Modernismo) e Ivan Junqueira (Anos 30)
Roteiro da Poesia Brasileira – Simbolismo। Seleção e prefácio de Lauro Junkes।Global Editora (São Paulo).
Fonte:diáriocatarinense