Estudo sobre a Persona - as máscaras
"O homem tem duas almas: uma que olha de dentro para fora e outra que olha de fora para dentro".(Machado de Assis)
"Em benefício da imagem ideal, à qual o indivíduo aspira moldar-se, sacrifica-se muito de sua humanidade".(Jung)
"A personalidade consciente, como se fora uma peça entre outras num tabuleiro de xadrez, é movida por um jogador invisível. É este quem decide o jogo do destino e não a consciência e suas intenções".(Jung)
"Assim, pois, encaro a perda do equilíbrio como algo adequado, pois substitui uma consciência falha, pela atividade automática e instintiva do inconsciente, que sempre visa a criação de um novo equilíbrio; tal meta será alcançada sempre que a consciência for capaz de assimilar os conteúdos produzidos pelo inconsciente, isto é, quando puder compreendê-los e digeri-los".(Jung)
por Laura Villares de Freitas
Persona, Máscara e Grupos
Dentre os conceitos básicos que Jung propôs para compreendermos a psique, a persona foi aquele a que ele menos se dedicou. Inicialmente, Jung (1934/1977) definiu-a como um segmento, mais ou menos arbitrário, da psique coletiva, desenvolvido com grande esforço e aparentando ser uma individualidade, mas constituindo apenas um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, uma máscara superficial a ser removida para que o self, em toda sua exuberância, pudesse se revelar e, a consciência, se ampliar.
No entanto, urge reconhecer o potencial criativo da persona.É fato que ela pode ser rígida e impedir a vivência de certos símbolos. Além disso, é possível regredir a uma persona anterior em nossa vida, para evitar novos desafios. E todas as culturas possuem personas que podem colaborar mais para manter sua própria coesão do que para promover a individuação dos membros que as adotam (ou seriam por elas adotados?), como, por exemplo, do louco e do marginal.
Justamente por apresentar tantas possibilidades de desvio, estagnação e desperdício de seu potencial simbólico, a persona merece aprofundamento e especial consideração. Sugiro considerá-la como uma estrutura da personalidade, cuja função principal seja, a partir de sua expressividade, pôr-nos em relacionamento, propiciar-nos o encontro de uma maneira de ser e estar com os outros, sem precisarmos, para isso, abandonar nossa individualidade ou os símbolos operantes a cada momento. Junto à sombra, a persona pode propiciar a atualização do potencial da personalidade, além de ser confrontada pelo ego, tornando-se mais flexível ou mais adequada a cada situação vivida, além de, em si, oferecer-nos códigos culturais para a elaboração de símbolos na conduta e interação social.
A persona sempre tem um caráter múltiplo, pois necessitamos de várias máscaras para viver, em certo grau, e assim ela colabora para a apreensão e expressão da multiplicidade do self.
Fonte:pepsic.bvs-psi.org.br
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