poesia - o triplo louco
autor John Donne
(tradução de Augusto de Campos)
Sou dois loucos, confesso,
Por amar e, possesso,
Confessá-lo em meu verso.
Mas quem não quereria estar em mim
Se ela dissesse sim?
Como os sulcos que o mar na areia grava
Purgam do sal amargo a sua água,
Julguei que, ao espremer a minha mágoa
Nas comportas dos versos, a afogava.
É menos dor, domada pela rima,
A dor que pelos números se exprima.
Mas alguém, logo após,
Para exibir a voz
Com arte e com destreza,
Vai libertar de novo essa tristeza
No anel dos versos presa.
Amor e dor em versos são prezados,
Mas não quando se escutam com prazer.
Ambos crescem ao ver
Seus triunfos, assim, patenteados,
E eu, que fui dois loucos uma vez,
Três vezes vivo a minha insensatez.
(do O Anticrítico, Editora Companhia das Letras)
(tradução de Augusto de Campos)
Sou dois loucos, confesso,
Por amar e, possesso,
Confessá-lo em meu verso.
Mas quem não quereria estar em mim
Se ela dissesse sim?
Como os sulcos que o mar na areia grava
Purgam do sal amargo a sua água,
Julguei que, ao espremer a minha mágoa
Nas comportas dos versos, a afogava.
É menos dor, domada pela rima,
A dor que pelos números se exprima.
Mas alguém, logo após,
Para exibir a voz
Com arte e com destreza,
Vai libertar de novo essa tristeza
No anel dos versos presa.
Amor e dor em versos são prezados,
Mas não quando se escutam com prazer.
Ambos crescem ao ver
Seus triunfos, assim, patenteados,
E eu, que fui dois loucos uma vez,
Três vezes vivo a minha insensatez.
(do O Anticrítico, Editora Companhia das Letras)
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