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2 de julho de 2008

Lira - eu-lírico


autor Paulo Esdras

LIRA
Não adianta procurar o significado no dicionário – e nem mesmo em muitas gramáticas e livros de literatura.O Eu-lírico é quando o poeta expressa sentimentos que não sentiu necessariamente, ou sentiu com uma outra intensidade da realidade, tratando-se então de não ser seu “eu” real, mas de um “eu” poético, ou lírico.A palavra lírico origina-se de um instrumento musical antigo chamado lira. Este instrumento foi muito utilizado pelos gregos a partir do século XII a.C. Chamava-se lírica toda canção que era executada ao som da lira, inclusive as expressões poéticas. Porém, o século XV chegou e houve um afastamento do som lírico e da palavra poética, que passou a ser declamada. Podemos dizer que o eu-lírico é a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor. O eu-lírico pode ou não expressar as vivências efetivas do poeta, mas a validade estética do texto independe da sinceridade do mesmo.Os heterônimos de Fernando Pessoa podem ser considerados Eu-líricos. Um narrador-personagem pode ser considerado um Eu-lírico. Um poema sendo “falado” por uma pedra é um eu-lírico.O Eu-lírico é um recurso que possibilita a infinidade criativa dos sentimentos poéticos. Não limita as palavras em apenas um corpo, uma mente, um coração. Consegue pluralizar os sentidos. Assim podemos ser o que quisermos: uma pedra, um animal, uma árvore, outras pessoas. Explorar e incorporar sentimentos dos mais diversos como um ator faz com suas personagens.

Fonte:http://www.overmundo.com.br/