O Desenho do Tempo
autor Mané-Mané
(22/04/07)
Quando o periquito jogou a casca de jabuticaba no meu
nariz , abriu no meu peito um baú de idéias,
cheio de relógios cucos empoeirados no porão de mim.
Muito tempo parado, tesouros sem dono.
Tentei dilatar o tempo por dentro num malabarismo
infantil como se o fole da vida do periquito estivesse
conectado à corda do meu relógio existencial e como se ele fosse
assim um embaixador
de alguma coisa, do grande cuco talvez.
Pensei num tempo redondo , girando em torno do próprio eixo,
um enorme cuco vivo batucando
seus ponteiros e regendo a orquestra de todos nós.
Tirei os cucos do baú para dar uma arejada e , no fundo ,
espiar a poeira das horas .
Pensei em dar corda nos relógios para que o tempo deles voltasse
a pulsar, mas quem estava precisando de corda era eu.
E de imaginação que alarga o tempo, dilui a pressa do coração e
deixa a gente conversar na calçada sobre nada.
Olhei a poeira nos ponteiros , fechei o baú e resolvi dar um tempo.
Acho graça quando penso que meu tesouro não vale nada para
os outros: na poeira das horas, o desenho do tempo...
Manoel Britto - (mané/mané) - é artista plástico
http://manoelbritto.com.br/
(22/04/07)
Quando o periquito jogou a casca de jabuticaba no meu
nariz , abriu no meu peito um baú de idéias,
cheio de relógios cucos empoeirados no porão de mim.
Muito tempo parado, tesouros sem dono.
Tentei dilatar o tempo por dentro num malabarismo
infantil como se o fole da vida do periquito estivesse
conectado à corda do meu relógio existencial e como se ele fosse
assim um embaixador
de alguma coisa, do grande cuco talvez.
Pensei num tempo redondo , girando em torno do próprio eixo,
um enorme cuco vivo batucando
seus ponteiros e regendo a orquestra de todos nós.
Tirei os cucos do baú para dar uma arejada e , no fundo ,
espiar a poeira das horas .
Pensei em dar corda nos relógios para que o tempo deles voltasse
a pulsar, mas quem estava precisando de corda era eu.
E de imaginação que alarga o tempo, dilui a pressa do coração e
deixa a gente conversar na calçada sobre nada.
Olhei a poeira nos ponteiros , fechei o baú e resolvi dar um tempo.
Acho graça quando penso que meu tesouro não vale nada para
os outros: na poeira das horas, o desenho do tempo...
Manoel Britto - (mané/mané) - é artista plástico
http://manoelbritto.com.br/
foto internet
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